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Focos de Autonomia na Invenção do Real

A indeterminação não é uma força passiva, é uma força de resistir à determinação. Ela é uma força de indeterminar ou suspender as forças de fora e/ou de dentro.

Ela resulta dos vacúolos, dos intervalos, das dobras do tempo que criam seres de tempo, linhas finitas de duração.

Entre a potência e o ato existe o ritmo. A ética não é uma deliberação: é uma força vital, que é, aliás, estética por efeito — a afirmação é a zona de passagem entre o sujeito e a singularidade!

A filosofia da imanência, a filosofia da diferença, o pensamento nômade, são um modo não apenas de pensar mas de viver, que implica uma afirmação radical da realidade, de modo que a realidade não se separa da existência. A realidade, primeiro, não se reduz à existência, segundo, não é mais essencial num outro plano do que no próprio plano da existência. Então o real, na verdade, tem um único plano: o plano de imanência.

O essencial está no modo, o essencial está no meio, o essencial está na maneira. Há sempre um maneirismo, um investimento num modo de existir, num modo de vida — e não na verdade, nem do sujeito nem do objeto.

O capitalismo precisa instaurar uma instância moral em nós. Mais do que uma competência racional. Uma instância moral é fundamental: é o que eu chamo de preposto de poder, o eu, essa subjetividade.

É o louco, o fora da ordem, aquele que perturba essa ordem moral e portanto social também. Seria também este, o artista de si?

A gente quer fazer de nós mesmos naturezas livres, mas quem realmente quer fazer de si uma natureza livre não cai na ilusão do livre-arbítrio, nas facilidades e na trapaça do livre-arbítrio. Porque desse modo a gente vai impedir que o nosso caos interior sobrevenha, assim como a gente quer impedir que o caos exterior sobrevenha. Mas o que é o caos? É tudo aquilo que não tem intencionalidade. É tudo aquilo que é intensivo. Então a gente vai desconfiar a priori do que é intensivo. O que é intensivo é fonte de anormalidade.

Prestar atenção suficiente ao uso que se faz da linguagem ou ao uso que se faz do corpo, da sensibilidade, de modo a perceber ali linhas de escape das formas do saber e dos diagramas de poder, exatamente para criar um circuito autossustentável e ativo de singularização do próprio desejo.

Esta é, afinal, a tarefa de uma vida livre, da criação de si como obra de arte para todos aqueles que desejam a conquista de um modo de vida ética.

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